Bonfim é um funcionário de banco,
adepto do candomblé, casado com uma mulher evangélica, e leva uma vida normal.
Porém, ele tem uma missão na sua religião, da qual vive fugindo. Pela dor,
Bonfim, larga o emprego, a mulher e vai seguir o seu chamado, mesmo assim, não
aceita as leis que teria que seguir e resolve criar um terreiro a sua maneira.
Como nem tudo na vida é como a gente quer, Bonfim não é bem sucedido na sua
empreitada.
Pola Ribeiro, diretor do filme,
aborda de maneira explícita a questão do
candomblé na Bahia, religião trazida da África pelo povo negro e que por isso
mesmo tem forte raízes na Bahia, mas que ainda assim sofre grande preconceito.
O filme para querer trazer essas
e algumas outras discussões a tona, só que ao meu ver, coloca muita informação,
são muitas as abordagens, mensagens e simbolismos. É um filme difícil, denso e
tenso, principalmente para quem não tem conhecimento sobre o candomblé. E o
pior, pode acabar reforçando alguns estereótipos negativos sobre a religião e
seus adeptos, o que não me parece ser a intenção do diretor.
Dá para tirar algumas lições do
enredo, como se o que estamos fazendo da nossa vida está nos satisfazendo,
sobre se realmente devemos lutar contra coisas que são maiores que nós, e ainda
como a união pode ajudar na realização de alguns ideais. E também pensar sobre
o preconceito – que é evidenciado no papel de uma colega de Bonfim que trabalha
no banco – o que podemos fazer na luta contra ele.
A questão da diferença social não
foi deixada de lado, podemos constatar na cena em que meninos vendem descalços
nas sinaleiras em contraposição aos prédios suntuosos erguidos na cidade ou na
cena em que pessoas são desapropriadas de um terreno.
O elenco é bom, destaque para João
Miguel e Érico Brás (atores baianos que vem se destacando no cenário nacional,
merecidamente). Infelizmente, o ator principal, Antonio Godi, revelou-se fraco para o papel.
Mas, o melhor mesmo é ver um filme feito com um elenco predominantemente negro,
coisa rara, mesmo em produções brasileiras, baianas. Palmas para o Bando de
Teatro Olodum.
Ponto para a trilha sonora,
criada com muito cuidado, empolgante e muito bem casada com as cenas. Que conta
com a participação de Maria Bethânia e Mariene de Castro (que também atua no
filme), entre outros. A fotografia também está muito bonita, chega impressionar as imagens das enormes árvores mostradas. Assim como a edição sem evidenciar a passagem de tempo foi bem acertada, quem estiver atento percebe rápido, não precisa estar óbvio.
Jardim das Folhas Sagradas é um
filme válido, pelo fato de abordar um tema pouco explorado no cinema, pelas
discussões que pode gerar, por ter sido feito na Bahia, com atores baianos e
sem ser caricato, e por outros motivos que só dá pra saber assistindo.
Vá e tire suas próprias conclusões, mas vá com o espírito preparado e a mente aberta. Ah! E aproveite para ver o metrô de Salvador em funcionamento.
Vá e tire suas próprias conclusões, mas vá com o espírito preparado e a mente aberta. Ah! E aproveite para ver o metrô de Salvador em funcionamento.
Fau F.
Pelo comentário feito por Fau F.e meu total respeito e curiosidade pela cultura do nosso povo, fiquei muito entusiasmada sim! Questões de caráter religioso, criam grandes discurssões e pensamentos.... Gostei em saber da questão do elenco predominantemente negro! E tudo isso embalado numa trilha sonora com participações de Maria Bethânia e Mariene de Castro... Como não assistir?
ResponderExcluirEu não assisti ao filme, mas acho importante e fico feliz que não só o cinema, mas que os atores baianos estejam em evidência, isso prova que ainda há pessoas talentosas e criativas por aqui, afinal muitos acham que depois de Caetano, Gil, Ruy Barbosa e Castro Alves, as boas cabeças artísticas e de intelectuais daqui acabaram. Brown está provando que essa teoria já caiu por terra e agora com o cinema em evidência, espero que de uma vez por todas seja provado que o nordeste, a Bahia, seja reconhecida e reverenciada pela sua fomentação da boa arte, seja ela o âmbito que for.
ResponderExcluirParabéns Fau F.
Nossa, fiquei com muita vontade de assistir! Duas raridades na mesma resenha um filme nessa temática e o metrô de Salvador funcionando? Como assim Fau? Me explica... hihihihihi
ResponderExcluirXero!
Fau,
ResponderExcluirMuito boa sua crítica. Vou conferir o filme sim.
Beijos,
Marcus Leone
Achei o filme confuso e alimentador de muitos mitos, mesmo assim recomendo que vejam.. dar para tirar reflexões importantes!
ResponderExcluirA trilha sonora é ótima e atores, salvo algumas exceções, dão banho de interpretação!
O metrô? Dar para crer?